quarta-feira, 4 de julho de 2012

Um roubo

de Miguel Torga



Os momentos de crise, miséria e pobreza levam as pessoas a roubar para terem de comer.
E que local melhor para roubar do que as capelas! Isoladas da população e, ao mesmo tempo, cheias de dinheiro que os crentes oferecem como esmola. Sem qual quer tipo de segurança…
Mas para assaltar qualquer que seja a casa, uma pessoa que sente essa necessidade e que nunca o fez antes, luta com a sua própria consciência, para apurar se é correto, se não o é, se está a agir bem, ou se não está. Quanto mais tratando-se de um local sagrado.
Depois de pesados os prós e os contras, a pessoa decidiu assaltar a capela. Pela calada da noite teve de subir uma montanha íngreme, ainda por cima debaixo de uma tempestade imensa.
Após ultrapassados todos os obstáculos, já dentro da capela, finalmente o ato de roubar. Mas, ao vasculhar a capela não encontrou uma única moeda, estava tudo vazio. Parecia que tinha sido assaltada por outro ladrão.
Psicologicamente isto é avassalador para qualquer pessoa, visto que teve de ultrapassar imensas dificuldades para que, no final de contas, continuasse igual. Isto, para não falar das condições físicas impostas pela natureza.
Realizada a ação a pessoa ficou abatida psicologicamente e muito doente, delirando com febre. Na presença do padre acusou-o de ser ele o ladrão e pediu para o prenderem. Pois na cabeça dele o dinheiro dado para a santa e que ele tanto precisava, deveria estar na capela e não com o padre.


Nuno Henrique, n.º10, 10.ºA

(AEPC)

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